Madail afinal sempre se recandidata a novo mandato na Federação Portuguesa de Futebol. Neste País há um hábito muito disseminado do "daqui não saio, daqui ninguém me tira". Talvez a figura mais conhecida destas verdadeiras lapas seja o Alberto João Jardim, há dezenas de anos no poder, tantos que já se lhes perdeu a conta. Mas há mais, Rocha de Matos na Associação Industrial Portuguesa, já vem antes do 25 de Abril, Carvalho da Silva, que nos bons velhos tempos foi operário, agora é carreirista do sindicalismo na CGTP e com o Proença da UGT passa-se o mesmo, se bem que há menos anos. Nos sindicatos então é o máximo, há tantos anos que ouvimos soletrar os seus nomes que já os conhecemos de cor, Ana Avoila, Bettencourt Picanço, Luís Garra, etc.. E autarcas, se não fosse a lei ter sido alterada há poucos anos, muitos deles sairiam directamente das Câmaras para lares de terceira idade. Na nossa Terra, como não podia deixar de ser, também existem os lapas. Um carteiro, porque entregar cartas era cansativo, passou a sindicalista para o resto da vida. A Filarmónica tem um presidente vitalício e o mesmo, em breve, acontecerá nos Bombeiros. E não há mais lapas porque os estatutos de determinadas instituições não o permitem, pois se assim não fosse, manter-se-iam nos lugares (como presidente os outros cargos não interessam) até ao fim da existência, com elevado sacrifício da sua vida privada, como gostam de afirmar.
Carlos Canas