Naquele ano, fazia tanto calor que se tornava impossível não sair todas as tardes, e parecia a Ginia nunca ter compreendido antes o Verão, tão bom era sair à noite para passear debaixo das árvores das avenidas. Às vezes pensava que aquele Verão nunca mais acabaria, e ao mesmo tempo dizia para consigo que tinha de o aproveitar depressa, pois, com a mudança da estação, alguma coisa ia suceder. Por isso já não acompanhava Rosa à antiga sala de baile ou ao cinema do bairro, mas saía às vezes sozinha e enfiava-se num cinema do centro.
In O Verão - Portugália Editora 1965