Botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.

08
Nov 11

A CENA DO ÓDIO

 

Ergo-me Pederasta apupado d'imbecis,

divinizo-me Meretriz, ex-libris do Pecado,

e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!

Satanizo-Me Tara na Vara de Moisés!

O castigo das serpentes é-Me riso nos dentes,

Inferno a arder o Meu cantar!

Sou Vermelho-Niagara dos sexos escancarados  nos chicotes dos cossacos!

Sou -Pan-Demónio-Trifauce enfermiço de Gula!

Sou Génio de Zarastustra em Taças de Maré Alta!

Sou Raiva de Medusa e Danação do Sol!

Ladram-me a Vida por vivê-La

E só me deram Uma!

Hão-de lati-la por sina!

agora quero vivê-La!

Hei-de Poeta cantá-La em Gala sonora e dina!

Hei-de Glória desanuviá-la!

Hei-de guindaste içá-la Esfinge

da Vala pedestre onde Me querem rir!

 

...

 

Selecção de Poemas - Tomás Salavisa

publicado por Café de Lepes às 15:22

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