Botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.

02
Jun 11

SONHO

 

A sua presença de mulher foi-se ausentando...

A um gesto seu, diáfano, alou-se o sofrimento...

Tudo era a sua voz, mas sem significar

mais que o murmúrio dum encantamento...

 

Prendia-nos um fio de segredo, murmurando

pelos seus olhos baixados, antes dum sorriso,

com que a meus olhos as coisas se velaram

para lá do seu rosto assim preciso...

 

Pudor na sua alma ou nos meus dedos?

 

Como é indizível essa experiência de morrer!

 

O que me resta é regressar à Vida,

amá-la, delicadamente, como os mortos

-se os mortos pudessem reviver.

 

Selecção de Poemas - Tomás Salavisa

publicado por Café de Lepes às 23:07

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