Botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.

18
Jun 11

ELAS PASSAM

 

Elas passam, magras estudantes,

julgando-se felizes talvez,

passam e passam, as pernas e os dentes

mostram saúde e altivez.

 

Os jeans ao atravessarem a nave

maior do centro comercial

estreitam a cintura suave

numa falsa aparência virginal.

 

Vê-las alegra e entristece,

o seu corpo é uma matéria mais pura,

e cada uma, como se soubesse,

mostra-se obstinada e segura.

 

Passam e passam, são toda uma tarde,

sentindo que em mim sente

esta palha seca que arde,

que às vezes engana, mas não mente.

 

Poder tê-las sem qualquer dano

e à sua alegre inconsciência,

misturando nos dedos a pele, o pano,

os ossos, a transparência.

 

A tarde fez-se a hora do regresso,

o coração sussurra e quase cai

aos pés das raparigas a quem peço

«de novo, levando-me, passai».

 

Selecção de Poemas - Tomás Salavisa

 

 

publicado por Café de Lepes às 22:56

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