Nos últimos tempos muito se tem falado dos vencimentos dos gestores públicos, mercê de iniciativas apresentadas na Assembleia da República pelos partidos ali representados. Muito barulho para tudo ficar na mesma. Vem a propósito registar o que decidiu o PR Aníbal Cavaco Silva. Como é do conhecimento público o primeiro magistrado da Nação tem direito, há já muito tempo, a reformas milionárias. Face ao enquadramento legal actualmente em vigor, consequência dos cortes drásticos na despesa do Estado, o PR, como outros cidadãos, teve que optar entre vencimento ou reforma. Cavaco Silva que, muito recentemente, afirmou teria de se nascer duas vezes para ser igual a ele, optou por continuar a auferir as reformas a que legalmente tem direito, em vez de receber o vencimento de presidente da república que é bastante inferior àquelas. Está no seu direito. No entanto o cidadão comum também tem o direito de pensar que estando o Prof. Cavaco Silva na vida activa e se Deus quizer por mais cinco anos, deveria dar o alto exemplo de receber o salário correspondente ao desempenho das funções de primeiro magistrado do país, ainda que, por isso, a sua atitude representasse um elevado prejuízo financeiro para os seus bolsos. Os Portugueses apreciariam o seu gesto, os mesmos que sentem nos seus orçamentos, e de que maneira, o que custa um país pobre pagar aos seus políticos reformas de país rico.
David Pires