Botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.

24
Jan 11

DESENGANADO DO AMOR E DA FORTUNA

 

Fiei-me nos sorrisos da ventura,

Em mimos feminis, como fui louco!

Vi raiar o prazer; porém tão pouco

Momentâneo relâmpago não dura:

 

No meio agora desta selva escura,

Dentro deste penedo húmido e oco,

Pareço, até no tom lúgubre e rouco,

Triste sombra a carpir na sepultura:

 

Que estância para mim tão própria é esta!

Causais-me um doce e fúnebre transporte,

Áridos matos, lôbrega floresta!

 

Ah!, não me roubou tudo a negra sorte:

Inda tenho este abrigo, inda me resta

O pranto, a queixa, a solidão e a morte.

 

Selecção de Tomás Salavisa

publicado por Café de Lepes às 19:29

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