AR DE INVERNO
Aves do mar que em ronda lenta
giram no ar, à ventania,
gritam na tarde macilenta
a sua bárbara alegria.
Incha lá fora a vaga escura,
uiva o nordeste aflitamente.
Que mágoa anónima satura
este ar de Inverno, este ar doente?
Alma que vogas a gemer
na tarde anémica, de vento,
como se infiltra no meu ser
o meu esparso sofrimento!
Que viuvez desamparada
chora no ar, no vento frio,
por esta tarde macerada
em que a esperança se esvaiu...
Selecção de Poemas - Tomás Salavisa